Doses de Radiação

04.06.2019

O que é Dose de Radiação?

Uma dose de radiação não é como a dose comumente empregada aos medicamentos. Quando se fala em dose de radiação, existem diferentes tipos de radiação, diferentes tipos de grandezas dosimétricas e diferentes unidades de medidas. Dose de radiação é um assunto complicado.

 

Por que existem várias formas de medir uma dose de radiação?
Quando você pensa em dose de medicamento, você pensa em uma quantidade determinada que você toma. Mas, radiação não é medida pela quantidade que você toma.
A radiação de exames médicos é similar a luz do sol. O efeito da luz solar na pele depende da intensidade da luz solar e do tempo que uma pessoa permanece sob o sol.
As pessoas geralmente descrevem suas exposições a luz solar de acordo com os efeitos em suas peles. Amigos dizem: “Você tomou bastante sol”. Ou, “você está vermelho; deve estar todo dolorido”. Eles avaliam a quantidade de luz solar que você foi exposto a partir do que eles veem.
Da mesma forma, uma dose de radiação conduzirá a efeitos da radiação sobre o tecido celular. Essa dose de radiação pode ser medida de várias formas.

As formas que podemos medir a dose de radiação são:
Dose absorvida: é usada para avaliar potenciais mudanças bioquímicas em tecidos específicos.
Dose Equivalente: é usada para estimar o potencial de dano biológico decorrente da dose absorvida. Diferentes tipos de radiação (por exemplo: alfa, beta, gama) possuem efeitos danosos diferentes.
Dose efetiva: é usada para avaliar o potencial de efeitos a longo prazo sobre o corpo humano.

Definições
Vamos aprofundar mais os conceitos expostos acima.
Dose absorvida: é a quantidade de energia depositada em certa quantidade de massa de determinado tecido.
Da mesma forma que a luz solar, raios X podem penetrar no corpo humano e depositar energia em órgãos internos e, até mesmo, atravessar o corpo humano.
A unidade de medida para a dose absorvida é o miligray (mGy).
Se você possui uma tomografia computadorizada do abdômen superior, a dose absorvida pelos órgãos e tecidos do seu tórax é muito baixa (indirectly exposed tissues), porque têm sido expostos somente a uma quantidade pequena de raios X espalhados pelos órgãos e tecidos da região do abdômen superior. Entretanto, a dose absorvida pelo seu estômago, pâncreas, fígado e outros órgãos (directly exposed tissues) é maior porque tem sido diretamente exposto a uma grande quantidade de raios X primário.
Dose equivalente: essa grandeza dosimétrica leva em consideração as propriedades danosas dos diferentes tipos de radiação. Cada tipo de radiação promove um dano específico aos tecidos e órgãos.
A diferença entre a dose absorvida e a dose equivalente são:
1. A dose absorvida nos informa a quantidade de energia depositada em certa quantidade de massa do tecido ou órgão;
2. A dose equivalente nos comunica o impacto que determinada dose absorvida terá sobre o tecido.
Como todas as radiações usadas no radiodiagnóstico têm o mesmo potencial de baixo dano (representado pelo fator wr igual a 1), a dose absorvida e a dose equivalente são numericamente iguais. Somente as unidades são diferentes.
Enquanto a dose absorvida é medida em mGy, a dose equivalente é medida em mSv (mili Sievert).

Dose efetiva: essa grandeza dosimétrica é um valor calculado que leva em consideração três fatores:
1. a dose absorvida por todos os órgãos e tecidos do corpo humano durante uma exposição a radiação;
2. o nível de dano relativo da radiação (representado pelo fator wr); e
3. as radiossensibilidades de cada órgão e tecido a essa radiação (wt).
Diferentes partes do corpo humano possuem diferentes sensibilidades a radiação (wt). Por exemplo, os órgãos e tecidos da cabeça são menos sensíveis do que os órgãos e tecidos do tórax. Assim, as doses absorvidas pelos órgãos e tecidos do corpo humano resultam em diferentes probabilidades de danos a estes.
A dose efetiva foi introduzida para calcular a probabilidade de dano ao corpo humano em virtude da combinação das probabilidades de danos aos tecidos e órgãos irradiados. A dose efetiva nos informa sobre o risco global a longo prazo que uma pessoa tem em decorrência de um procedimento; e é útil para comparar riscos de diferentes procedimentos. A dose efetiva não foi desenvolvida para ser aplicada a cada paciente. A dose efetiva foi planejada levando em consideração a altura e peso de um paciente adulto padrão (com peso entre 60 e 75 kg e altura entre 1,60 e 1,75 m). Dessa forma, a dose efetiva de cada paciente poderia ser maior ou menor, dependendo do seu tamanho e do seu peso.
Qual grandeza dosimétrica deve ser usada na comparação de riscos a longo prazo dos entre os vários procedimentos?
A dose absorvida e a dose equivalente podem ser usadas para avaliar riscos a curto prazo de tecidos e órgãos (curto prazo é semanas ou meses).
Em geral, para exames de radiodiagnóstico não existem efeitos a curto prazo, assim a dose absorvida e dose equivalente não são muito úteis.
Assim, para pacientes submetidos a exames de radiodiagnóstico, a grandeza dosimétrica mais importante é a dose efetiva, porque permite comparar os riscos a longo prazo entre os vários procedimentos.
Resumo
Dose de radiação não é como dose de medicamento.
Dose de radiação pode ser medida de muitas formas: dose absorvida, dose equivalente e dose efetiva.
Ainda existem outras grandezas dosimétricas que não foram discutidas aqui.
Os conceitos de dose de radiação podem ser confusos. Você e seu radiologista ou físico médico devem trabalhar juntos para responder as questões que você tem sobre dose de radiação.

Colaboração: Dr. Cássio Costa Ferreira - Qualified in Diagnostic Radiology Physics - ABFM RX 287/1428
What is radiation dose?